Equidade no trabalho: uma mudança que começa em cada um de nós

O Dia Internacional da Igualdade Salarial, convida-nos a refletir sobre uma realidade que, infelizmente, ainda persiste. De acordo com o Parlamento Europeu, em 2023 as mulheres recebiam, em média, 12% menos por hora de trabalho do que os homens na União Europeia. Em Portugal, esse valor situava-se nos 8,6%. Para além disso, estas diferenças prolongam-se ao longo da vida profissional: em 2020, as pensões das mulheres com mais de 65 anos eram, em média, 28,3% mais baixas do que as dos homens. (Fonte: Parlamento Europeu – “Perceber as disparidades salariais de género: definição, factos e causas”)

| A dificuldade em avaliar o valor do trabalho

Enquanto formadora e consultora, tenho tido oportunidade de trabalhar com profissionais de diferentes áreas e níveis de responsabilidade e, algo que observo com frequência é a dificuldade que muitas organizações sentem em avaliar de forma objetiva e justa o valor do trabalho. Por vezes, a desigualdade não se manifesta de forma consciente ou deliberada, mas resulta de práticas antigas, falta de critérios claros ou ausência de uma política estruturada de remuneração.

| Formação como ferramenta de transformação

É precisamente aqui que considero que a formação faz a diferença. Quando um gestor ou profissional de recursos humanos aprende a analisar dados salariais, a construir grelhas transparentes e a aplicar critérios objetivos, está não só a promover a justiça interna, mas também a reforçar a motivação e o sentido de pertença das equipas. Já vi, em contexto formativo, participantes reconhecerem pela primeira vez disparidades nas suas próprias organizações e perceberem o impacto que essas diferenças tinham no clima e nos resultados da empresa. Esse “momento de consciência” é transformador.

Acredito que a igualdade salarial não é apenas uma questão legal ou de imagem, é uma estratégia de sustentabilidade organizacional. As empresas que valorizam o talento de forma justa conseguem atrair, reter e desenvolver profissionais de excelência, construindo equipas mais equilibradas e inovadoras.

| O papel da formação em Análise Salarial e Plano de Remunerações

É por isso que, no Curso de Formação em Análise Salarial e Plano de Remunerações da Cognos, trabalhamos não só a parte técnica — metodologias de avaliação, construção de grelhas salariais, definição de critérios de progressão — mas também a consciência crítica que permite a cada formando olhar para a sua realidade e ser agente de mudança.


Neste Dia Internacional da Igualdade Salarial, deixo uma reflexão: a mudança começa muitas vezes com conhecimento, ou seja, em nós! E a formação pode ser o primeiro passo para que, um dia, esta data deixe de ser necessária.


Formadora Equipa Cognos: Dra. Joana Mangerona

Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia do Trabalho e das Organizações